Minha proposta nos sets é representar com a maior fidelidade possivel o trabalho de discotecagem da época dos 70's e 80's. Naquela época o grande desafio era (e ainda é até hoje), manter a pista de dança sempre cheia. Então alguns DJs tinham (ou desenvolveram) a capacidade de combinar musicas de forma a causar menos trauma aos ouvidos na passagem de uma para outra, porque discotecar não é simplesmente ir rolando musicas com a mesma BPM, é conhecer as melodias, as bases instrumentais, e também o "tom" que elas estão sendo executadas. Dai surgem crossfadings interessantes onde se tem a impressão de que a musica que esta saindo "pergunta" algo e a musica que esta entrando "responde". Isto faz com que a pista permaneça bombada porque muitos até não percebem o trocar de musicas, ou até se animam mais com as mixagens.
Outro aspecto interessante é a levada de bateria que também tem que combinar entre uma e outra. Neste ponto existe uma particularidade sobre as musicas desta época que "derrubam" muitos DJs: a levada de bateria executada por um baterista (musico) não é constante, porque ela analisada do ponto de vista do pitch, apresenta variações de decimos de segundo, ou seja: o camarada se empolga e acelera o ritimo, depois ele reduz, ....e assim vai. Este é o motivo de ser comum voce observar o trabalho de um DJ e ver que ele está com uma mão no mixer e outra esta no controle de pitch de uma das pick-ups...ele está compensando a inconstancia do baterista e encaixando as duas musicas no ritimo.
A maioria das musicas dos 90's para cá já tem o recurso da bateria eletronica que mantém uma maior constancia no ritimo e torna o trabalho do DJ menos suado. Fazer tudo isto num software, ai é outra historia....